quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Crédito deve crescer em 2018, após 2 anos de retração


Após dois anos em recessão, o crédito no Brasil deve voltar a crescer em 2018. Esta expectativa deve-se à queda no endividamento das famílias e por consequência, na queda na inadimplência, o que faz com que os bancos tenham mais confiança para emprestar.

Este cenário mais agradável na economia brasileira, com juros e inflação mais baixos, pode permitir, segundo executivos de bancos, que o crédito cresça entre 4,5% e 8,0% em 2018, isso tanto pra pessoa física quanto jurídica apesar de 2017 ter terminado sem solução do ponto de vista fiscal, com reforma da previdência adiada e eleições vindo por ai.

“De fato, os bancos estão otimistas em relação aos empréstimos ao consumidor”, avalia o analista do Deutsche Bank, Tito Labarta.

Mas mesmo com toda esta expectativa, os analistas que acompanham o setor bancário estão mais contidos. Casas como Credit Suisse, BB Investimentos e Bradesco esperam que os empréstimos cresçam mais próximo dos 4,0%. Isso porque, apesar de os bancos esperarem compensar a redução das margens por causa de juros mais baixos com volume, o temor de aumento de inadimplência no futuro faz com que, apesar de querer emprestar mais, os bancos sejam mais seletivos ao dar créditos aos clientes.

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Segundo as projeções divulgadas em dezembro de 2017 pelo Banco Central, o saldo de crédito total deve crescer apenas 3,0% em 2018 para pessoas físicas enquanto, para pessoas jurídicas, a autoridade monetária espera queda de 2,0%.

O início do ano servirá de termômetro com relação à melhora na concessão de recursos. Pelos cálculos do BB Investimentos, a expansão acumulada em 12 meses deve voltar ao terreno positivo já no 1.º trimestre de 2018.

“O crédito já está apresentando tração. O aumento da demanda é evidente no número de propostas diárias. Já sentimos aumento do crédito novo e não só aquele para renegociação de dívida. Isso está ficando para trás”, avaliou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em conversa com jornalistas na semana passada.

No acumulado de 2017, o crédito caminha para mais um ano de retração, já que o financiamento novo ainda não é suficiente para suprir os vencimentos antigos. Até novembro, o saldo encolheu 1,3% ante igual intervalo de 2016, para R$ 3,064 trilhões, segundo dados do Banco Central.

Diante desse desempenho, o regulador revisou para baixo sua projeção. Espera que o saldo total de crédito não fique mais no zero a zero, mas que encolha 1,0%.
Gosto amargo. Ainda que 2018 possa ser o ponto de virada para o crédito no Brasil, o crescimento esperado pelo segmento está distante do patamar visto no período pré-crise, quando o saldo crescia dois dígitos no ano.

Na opinião do presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Hilgo Gonçalves, o País atravessa um momento divisor interessante, no qual, após anos de forte expansão dos empréstimos, com maior endividamento da população e aumento da inadimplência, há uma mudança de postura por parte de indivíduos e empresários no sentido de uma tomada de crédito mais consciente.

“Tivemos um excesso na oferta de crédito nos últimos anos. Sobrou inadimplência maior para os bancos. Mas o principal ganho da crise para o setor financeiro foi o aprendizado”, avalia Gonçalves.



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