Destaques da reunião com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE)
Na última semana, em conjunto com o time de Agro, Alimentos e Bebidas, realizamos uma reunião com o Sr. Daniel Furlan Amaral, Diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), organização que representa mais de 50% das indústrias de biodiesel e soja no Brasil. O objetivo do encontro foi conversar sobre a Lei do Combustível do Futuro – sancionado hoje (8/10) pelo Presidente Lula -, além de debater as perspectivas para o mercado de biodiesel e demais biocombustíveis no país. De forma geral, a reunião reforçou que o PL abre caminho para a ampliação da mistura de biodiesel no diesel, ao mesmo tempo em que estabelece programas nacionais para biocombustíveis avançados (especialmente diesel verde e SAF). Neste relatório, destacamos as principais mensagens do encontro.
Histórico
Um histórico de aumento gradual da mistura de biodiesel no Brasil. A mistura de biodiesel no diesel começou no Brasil em 2008 a uma taxa de 1%, aumentando gradualmente ao longo dos anos até atingir 14% em março de 2024. Para Daniel, tal histórico permitiu a criação de uma sólida demanda doméstica por biodiesel e produtos relacionados, especialmente óleo de soja, principal matéria-prima para a produção de biodiesel.
PL Combustível do Futuro
Nivelando o terreno para o próximo aumento de mistura com o programa Combustível do Futuro. Aprovado na Câmara dos Deputados no dia 24 de setembro, a lei foi sancionada pelo presidente Lula hoje, dia 8 de outubro. O programa elevará a mistura de biodiesel no diesel para 15% a partir de março de 2025. Uma vez sancionado, o Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE) definirá aumentos anuais até atingir 20-25% em 2030 (com a ABIOVE sugerindo um incremento de 1 p.p. por ano). Para Daniel, esse aumento é fundamental para: (i) apoiar os esforços de transição energética, promovendo uma matriz de transporte de baixo carbono, uma vez que a substituição do diesel pelo biodiesel pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 75%, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE); (ii) diminuir a dependência do Brasil em relação às importações de diesel; e (iii) garantir uma maior previsibilidade da demanda por biodiesel, essencial para atrair investimentos privados.
Oferta e demanda
Na dinâmica de mercado, a demanda por biodiesel supera a oferta, embora a produção esteja aumentando. Para Daniel, é amplamente esperado que o programa Combustível do Futuro continue promovendo um aumento de demanda. Do lado da oferta, o parque industrial brasileiro conta atualmente com 58 usinas de biodiesel, sendo que 8 estão em fase de expansão e 7 em construção. Em sua visão, isso é suficiente para produzir o B20 (mistura de 20% de biodiesel e 80% de diesel) e quase suficiente para produzir o B25 (mistura de 25% de biodiesel e 75% de diesel) até o final do ano. Além disso, ele observou que o setor de biocombustíveis do Brasil tem enfrentado um nível significativo de capacidade ociosa, permitindo que as empresas aumentem rapidamente a produção sem novos investimentos substanciais para atender à crescente demanda.
Desafios
Infraestrutura, matéria-prima e governança como principais desafios. Segundo Daniel, os principais obstáculos para ampliar o mercado no curto e médio prazo incluem: (i) lacunas de infraestrutura: o aumento da produção brasileira de grãos exige uma rápida expansão da infraestrutura; (ii) uso de matéria-prima: o aumento do consumo de biodiesel deve também aumentar a demanda por óleo de soja (principal matéria prima), o que pode prejudicar as exportações dessa importante commodity agrícola; e (iii) governança e controle: é essencial uma supervisão eficaz dos mandatos de mistura para garantir que os mesmos estejam sendo cumpridos.
Diesel verde e combustível de aviação sustentável (SAF)
Explorando os biocombustíveis avançados, incluindo diesel verde e SAF, presentes no PL. Indo além do biodiesel, Daniel destacou que o PL Combustível do Futuro também estabelece mandatos para: (i) diesel verde: em sua visão, o projeto de lei foi bem sucedido em começar com um mandato pequeno (até 3%), uma vez que a rápida adoção do diesel verde – 40% mais caro vs. o diesel – poderia levar a um aumento indesejado nos preços dos combustíveis (afetando os consumidores); e (ii) SAF: embora ele tenha observado que os investidores ainda não possuem clareza sobre qual tecnologia de produção será mais eficiente em termos de custo, a ABIOVE mostrou maior otimismo com o uso de matérias-primas de base biológica, incluindo o óleo vegetal, para a produção de biobunker (combustíveis marinhos) no lugar da produção de SAF.
Esperamos que este resumo lhe auxilie sobre a lei, compartilhe com amigos e familiares que também podem se beneficiar dessas informações. COMENTE!
Fonte: ExpertXP
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